segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP
Aprendizado é mais fácil para os bebês
Estudo mostra que segundo e terceiro meses de vida são os mais propícios para a aquisição da segunda língua
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Até o começo da década de 1960, o ensino bilíngue era visto com ressalvas por educadores e pedagogos. Faltavam estudos e sobravam mitos sobre a educação em duas línguas. "Falava-se que a criança não conseguiria aprender em dois idiomas simultaneamente e que teria o cérebro prejudicado pelo bilinguismo", diz Marcello Marcelino, doutor em linguística pela Unicamp e coordenador da escola Red Balloon. De lá para cá, foi publicada uma série de pesquisas que derrubam a tese do efeito prejudicial do bilinguismo, mostrando, inclusive, que os primeiros meses de vida são os mais propícios para a aquisição de outro idioma. "Se a língua for útil para a criança, será compreendida. O cérebro da criança está preparado para a aquisição da linguagem", afirma Suzana Herculano-Houzel, neurocientista, professora da UFRJ e colunista da Folha.

FOME DE SABER - Uma das mais recentes pesquisas nesse sentido foi conduzida pela neurolinguista Eloísa Lima, também docente na UFRJ. A pesquisadora utilizou um mecanismo chamado de chupetógrafo -uma chupeta comum ligada a sensores- para avaliar a receptividade dos bebês a novas palavras. "A sucção da chupeta é a maneira pela qual as crianças demonstram entusiasmo aos novos estímulos", diz Eloísa. Os testes com o aparelho mostraram que bebês de dois a três meses de idade têm mais "fome de saber". Eles sugaram a chupeta com mais intensidade do que as crianças um pouco mais velhas, de até seis meses.

CONSOANTES - "O estudo prova que é entre 50 e 90 dias de vida que os seres humanos adquirem a compreensão das consoantes. É o uso dessas consoantes que dá significado aos sons", diz Eloísa. (GUILHERME VOITCH)

Seis Estados pagam menos que piso a professor

Valor de R$ 1.024 para docente da educação básica não é respeitado em Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Roraima e Rio Grande do Sul
Mariana Mandelli Seis Estados não pagam o piso nacional estabelecido para os professores da rede pública da educação básica. O valor para 2010 é de R$ 1.024,67 para até 40 horas semanais de aula. Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Sul e Roraima pagam abaixo dessa quantia. O piso foi aprovado no Congresso e sancionado em 2008 e serve de referência para docentes com formação de nível médio. O levantamento foi realizado em agosto pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). De acordo com os dados, no Amapá o salário é de R$ 1.023,18; no Espírito Santo, de R$ 994; em Goiás, de R$ 965,61; em Roraima, de R$ 950; em Alagoas, de R$ 946,45; e no Rio Grande do Sul, de R$ 862,80. O piso salarial dos professores da rede pública do País aumentou de R$ 950 para R$ 1.024,67 no fim do ano passado. O reajuste de 7,86% foi anunciado pelo Ministério da Educação (MEC) depois de uma consulta à Advocacia-Geral da União (AGU) sobre como atualizar o valor.

A lei do piso foi aprovada no Congresso em 2008, a partir de projeto de lei enviado pelo governo. O texto determina que o valor deve acompanhar o reajuste do custo-aluno do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). O secretário do Espírito Santo, Haroldo Corrêa Rocha, alega que o valor apresentado pelo Consed corresponde ao calculado pela secretaria para o piso da categoria, segundo as regras nacionais, mas não corresponde ao que os professores efetivamente recebem. Rocha aponta que o Estado só tem carreiras de 25 horas semanais e que só contrata professores com faculdade, com salário base de R$ 1.654,65. No Rio Grande do Sul, o valor do piso é atribuído ao impasse criado pelo sindicato da categoria. Segundo a pasta, só seria possível reajustar o piso com mudanças no plano de carreira ou não haveria dinheiro suficiente. Em Alagoas e Goiás, as secretarias afirmam que o contingente de professores que recebe o piso é pequeno se comparado ao total de docentes dos Estados. A secretária de Goiás, Milca Pereira, afirma que menos de 2 mil profissionais - dos 55 mil da rede - receberam o piso salarial. "São pessoas que só tem o ensino médio. Não contratamos mais pessoas com este perfil", afirma Milca. Em Alagoas, são 700 professores nessa situação - de um total de 2 mil. A reportagem não conseguiu contato com as secretarias do Amapá e de Roraima. Discussão. Uma dúvida em relação ao piso é muito debatida: se o que é considerado salário incorpora ou não gratificações. Uma liminar no Supremo Tribunal Federal permite, atualmente, somar o salário-base a vários tipos de gratificações.

A polêmica persiste entre os educadores e o governo. Enquanto a AGU entende que haveria reajuste somente em 2010, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) reivindica reajustes em 2009 e em 2010, o que totalizaria R$ 1.312,85 de piso. Para o presidente da CNTE, Roberto Leão, a lei do piso não é clara e oferece várias interpretações. "Essa diversidade de entendimentos precisa ser solucionada. Nenhum Estado cumpre a lei como foi aprovada. Cada um faz de um jeito e todos dizem que estão pagando", afirma Leão. Segundo ele, a interpretação de que a carga horária do piso é de no máximo 40 horas precisa ser reajustada. "Se a jornada do Estado é de 20 ou 30 horas, ele deve pagar o piso", afirma Leão. "Esse valor não é para 40 horas, é para no máximo 40 horas."

O Consed afirma que a lei é clara e defende a autonomia dos Estados. "A posição do governo federal é de apresentar uma luz para conduzir as unidades da Federação, sem vetá-las. Não entendo a questão do piso como algo tão problemático. As divergências são naturais e devem ser enfrentadas", afirma a presidente do conselho e secretária de Estado da Educação do Paraná, Yvelise Arco-Verde. O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, afirma que quase metade do municípios tem dificuldades orçamentárias para cumprir a lei. "E 2009 foi um ano atípico na arrecadação, por causa da crise financeira. Isso reduziu ainda mais os recursos para educação", diz. O representante do Todos Pela Educação, Mozart Neves Ramos, defende a realização de um debate sobre o tema. "Sem uma mesa de negociação, não se encontrará uma solução para esse problema, que é crucial para melhorar a qualidade da educação." / COLABORARAM ALEXANDRE GONÇALVES e KARINA TOLEDO

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Biblioteca Digital Mundial

A Biblioteca Digital Mundial disponibiliza na Internet, gratuitamente e em formato multilíngue, importantes fontes provenientes de países e culturas de todo o mundo.
Os principais objetivos da Biblioteca Digital Mundial são:
Promover a compreensão internacional e intercultural;
Expandir o volume e a variedade de conteúdo cultural na Internet;
Fornecer recursos para educadores, acadêmicos e o público em geral;
Desenvolver capacidades em instituições parceiras, a fim de reduzir a lacuna digital dentro dos e entre os países.
Perguntas Frequentemente Feitas
1. Como você selecionou o conteúdo?
O Grupo de Trabalho de Seleção de Conteúdos da Biblioteca Digital Mundial desenvolveu, inicialmente, diretrizes gerais para a seleção. Além disso, os parceiros da Biblioteca Digital Mundial trabalharam para incluir conteúdos importantes e culturalmente significativos sobre cada país-membro da UNESCO. O conteúdo está em uma variedade de formatos e idiomas, de diferentes lugares e períodos. A Biblioteca Digital Mundial concentra-se em materiais básicos importantes que incluem manuscritos, mapas, livros raros, gravações, filmes, gravuras, fotografias, desenhos arquitetônicos e outros tipos de fontes básicas. Um dos objetivos do conteúdo da Biblioteca Digital Mundial será trabalhar em estreita colaboração com o programa Memória do Mundo, da UNESCO, visando tornar as versões digitais destes acervos acessíveis ao público.
2. Como você traduziu o conteúdo?
O conteúdo não é traduzido. Os materiais básicos - livros, mapas, manuscritos, etc - aparecem em seu idioma original. O que realmente traduzimos são os metadados (dados sobre o material), que tornarão possível pesquisar e navegar no site em sete idiomas. A equipe da Biblioteca Digital Mundial considera uma série de abordagens para a tradução, inclusive aquela auxiliada por computador, ou tradução mecânica, a tradução através de redes de voluntários (o modelo wiki) ou uma combinação destas. Estamos empenhados em oferecer traduções de alta qualidade e trabalharemos para melhorar o processo de tradução. Ao preparar-se para o lançamento inicial do site, a equipe da Biblioteca Digital Mundial utilizou uma ferramenta centralizada com memória de tradução.
3. Quem classificou o conteúdo por lugar, tempo, assunto e tipo de item?
Trabalho deste tipo normalmente é feito por profissionais conhecidos como catalogadores, que trabalham de acordo com regras estabelecidas por qualquer um, dentre vários amplamente utilizados, sistema de catalogação nacionais e internacionais para produzir dados bibliográficos (também conhecidos como metadados). Na medida do possível, a Biblioteca Digital Mundial contou com registros catalográficos existentes fornecidos pelas instituições parceiras, complementando estas informações conforme necessário, a fim de assegurar uma navegação adequada. Para a classificação por assunto, a WDL depende do Sistema de Classificação Decimal Dewey, que foi disponibilizado pela OCLC nos sete idiomas de interface. O Sistema de Classificação Decimal Dewey está passando por um processo de adaptação e de internacionalização, para melhorar sua capacidade de classificar o conteúdo proveniente de uma multiplicidade de países e culturas.
4. Por que estes sete idiomas? Serão adicionados outros idiomas de interface?
Árabe, chinês, inglês, francês, russo e espanhol são as línguas oficiais das Nações Unidas. O português é uma das principais línguas do mundo e as instituições do Brasil, o maior país de língua portuguesa do mundo, desempenharam um importante papel no desenvolvimento inicial da Biblioteca Digital Mundial. O acréscimo de outros idiomas está em estudos, mas não deve competir com outras prioridades mais urgentes, inclusive o aumento do volume e da diversidade de conteúdos de e sobre todos os países em todos os idiomas e o estabelecimento de capacidades digitais nos países em desenvolvimento.
5. Como posso utilizar o conteúdo deste site?
O conteúdo encontrado no web site da Biblioteca Digital Mundial é fornecido por parceiros da Biblioteca Digital Mundial. Questões relacionadas a direitos autorais sobre conteúdos de parceiros deverão ser direcionadas a esse parceiro. Ao publicar ou, de outra forma, distribuir materiais encontrados em coleções de um parceiro da Biblioteca Digital Mundial, o pesquisador tem a obrigação de determinar e satisfazer direitos autorais nacionais e internacionais ou quaisquer outras restrições de uso. Você pode encontrar mais informações sobre as leis de direitos autorais na Organização Mundial da Propriedade Intelectual dos estados-membros em http://www.wipo.int/about-ip/en/. Muitos itens da Biblioteca Digital Mundial contêm links para web sites parceiros. Os sites parceiros também estão conectados a partir página parceira da Biblioteca Digital Mundial.
6. Como é financiado este projeto?
TA Biblioteca Digital Mundial é um projeto de colaboração entre a Biblioteca do Congresso dos EUA, a UNESCO e parceiros por todo o mundo. Parceiros da Biblioteca Digital Mundial contribuem com conteúdos, bem como experiência em curadoria, catalogação, linguística e técnica. O projeto também recebeu apoio do setor privado. Mais informações sobre estas contribuições estão disponíveis nas páginas de Contribuintes Financeiros e de Agradecimentos. A Biblioteca Digital Mundial vem trabalhando no sentido de estabelecer parcerias adicionais com empresas tecnológicas e fundações privadas para apoiar o desenvolvimento deste projeto.
7. Quem utilizará o site?
Qualquer pessoa com um interesse mais amplo no mundo. Estudantes, professores, acadêmicos e o público em geral podem acessá-lo de diversas formas, mas há algo de interesse para todos.
8. Que bibliotecas e instituições poderão participar?
Qualquer biblioteca, museu, arquivo ou outra instituição cultural que tenha conteúdo histórico e cultural interessante poderá participar.
9. Meu país está representado?
Existe um conteúdo sobre cada país-membro da UNESCO no mundo. A Biblioteca Digital Mundial visa estabelecer as capacidades, especialmente nos países em desenvolvimento, a fim de permitir que as instituições de todos os países contribuam com conteúdo adicional para o projeto. Isto aumentará o volume e a diversidade cultural dos itens do site e ajudará a reduzir a lacuna digital.
10. Como meu país (ou instituição) poderá aderir à Biblioteca Digital Mundial?
Bibliotecas, arquivos, museus e outras instituições interessadas em se tornar parceiros devem entrar em contato com a equipe da Biblioteca Digital Mundial. A Biblioteca Digital Mundial trabalhará com parceiros em potencial para identificar importantes coleções para uma possível inclusão, pesquisar projetos e capacidades existentes, além de desenvolver planos de participação.
11. Como poderei participar?
A melhor forma de participar é identificar coleções importantes que representem um determinado país ou cultura e trabalhar com a equipe da Biblioteca Digital Mundial para que sejam incluídos no projeto. O ponto de partida é o conteúdo. Teremos o maior prazer em fornecer informações sobre oportunidades de voluntariado e discutir sugestões para o projeto com pessoas que entrarem em contato conosco.
12. Como este projeto está relacionado com a Europeana?
A Europeana e a Biblioteca Digital Mundial são projetos distintos. Europeana concentra-se na Europa e em coleções sobre a Europa mantidas em bibliotecas, arquivos e museus europeus. A Biblioteca Digital Mundial apresenta um enfoque mundial. As instituições que fazem parte da Europeana são bem-vindas a participar da Biblioteca Digital Mundial.
13. Quem mantém o site da Web?
O site da Biblioteca Digital Mundial é hospedado pela Biblioteca do Congresso dos EUA. Uma equipe com base na Biblioteca do Congresso mantém o site.
14. Que mudanças estão previstas para o futuro?
Estamos buscando ativamente mais instituições parceiras e contribuições de conteúdo, e trabalhando para melhorar a catalogação, a tradução e outras funções.
15. De onde vem o conteúdo?
De bibliotecas e outras instituições culturais da África, Ásia, Europa e Américas, do Norte e do Sul. Na época do lançamento público da Biblioteca Digital Mundial, em abril de 2009, havia contribuições de 26 instituições de 19 países, incluindo as principais instituições culturais (principalmente bibliotecas nacionais) dos maiores países das línguas: árabe, chinesa, inglesa, francesa, portuguesa, russa e espanhola. Uma lista atual de parceiros está disponível na página de parceiros da Biblioteca Digital Mundial.
16. Quem estabeleceu os padrões de digitalização?
Os padrões de metadados, digitalização e transferência de arquivos foram estabelecidos pela Biblioteca do Congresso e outros parceiros da Biblioteca Digital Mundial, com a contribuição de grupos de trabalho da Biblioteca Digital Mundial.
17. Como o site será mantido e administrado no futuro?
O crescimento sustentável será baseado no estabelecimento de uma rede mundial para a produção, apresentação, catalogação e tradução de conteúdos. A UNESCO e a Biblioteca do Congresso lançaram um apelo universal à participação e estão desenvolvendo uma licença multilateral. A licença da Biblioteca Digital Mundial proporcionará uma estrutura de governança, incluindo reuniões anuais de parceiros para desenvolver um modelo de sustentabilidade financeira a longo prazo e desenvolver políticas relativas à propriedade intelectual e à localização e manutenção de sites-espelho para hospedagem, entre outras questões.
18. Como poderão as bibliotecas, instituições, organizações do setor privado e os indivíduos apoiar este projeto?
Parceiros com coleções culturalmente importantes e interessantes e capacidade de digitalização são necessários para expandir e diversificar o site. Alguns parceiros precisam de equipamentos e treinamento para participar, especialmente no mundo em desenvolvimento. Contribuições significativas nas seguintes áreas ajudariam a construir a capacidade da Biblioteca Digital Mundial e assegurar seu crescimento:
Treinamento e equipamentos de digitalização: O desafio é desenvolver ferramentas e procedimentos para a criação e processamento de grandes volumes de conteúdo, sem comprometer a qualidade (funcionalidade, investigabilidade e experiência do usuário) do Web site.
Divulgação e sensibilização pública: Publicidade eletrônica e impressa são necessárias para direcionar o tráfego até o site. Mecanismos de entrega alternativos (incluindo dispositivos móveis) aumentarão a utilização, especialmente em países com baixa penetração de banda larga e/ou de Internet.
Assistência com catalogação e tradução: Estão sendo consideradas estratégias para envolver comunidades de voluntários (modelo wiki) para ajudarem a identificar e descrever recursos primários e para traduzir metadados.
Apoio Financeiro: Faz-se necessário um financiamento plurianual substancial para o estabelecimento de centros de conversão digital, criação e transformação de conteúdos digitais e um desenvolvimento maior da Biblioteca Digital Mundial como rede de produção.
Entre em contato com a equipe da Biblioteca Digital Mundial se você estiver interessado em participar através destas ou de outras formas.